A aplicação do DDA – Distribuição em Dias Alternados – nos Centros de Distribuição e Unidades de Distribuição em todo o país vem gerando uma sobrecarga de trabalho nunca antes ocorrida nos setores de operacionais dos Correios. Com a implantação do DDA, houve aumento da área de distribuição, sobrecarga de serviço, aumento nos diagnósticos clínicos dos Carteiros, verificando-se, principalmente doenças osteomusculares, ou seja, doenças que atingem ossos e músculos, acúmulo de objetos postais não distribuídos dentro das unidades de trabalho e, consequentemente, muitas reclamações da população.
O surgimento dos DDAs, com a lógica perversa de inviabilizar a boa prestação dos serviços postais à população, é uma atitude gerencial e operacional da empresa que demonstra uma estratégia pensada no sentido de provocar um caos nos serviços postais e jogar a população contra os Correios. Neste sentido, os DDAs estão sendo implantados com a finalidade de facilitar o processo de privatização. O governo de Michel Temer desprezou os concursos públicos para a Administração pública em âmbito federal. Na mesma linha, o Governo Bolsonaro, através de seus indicados políticos, em muitos casos, generais deixou de lado a contratação de trabalhadores para os Correios, por meio de concurso público. O sucateamento e o enxugamento do quadro de empegados tem levado a um processo de estrangulamento da operação na ECT.
A situação a que estamos nos referindo fica mais evidente quando observamos o que acontece, por exemplo, no CDD Centro de João Pessoa. Segundo relatos dos trabalhadores, há distritos que estão há 3 meses sem qualquer entrega de correspondências simples, pois, ainda de acordo com os relatos, há uma orientação de se priorizar as encomendas. Dessa forma, já há um acúmulo em 50 % por conta da distribuição em dias alternados. Existem áreas de entrega ou distritos com áreas superiores a 30 Km de extensão. Para se ter uma ideia, o Bairro de Jaguaribe tem apenas 1,5 Carteiro para todo o bairro que compreende uma área total de 2.448.195 m², com mais de 40 Km de percorrida em linha reta, sem considerar o transcurso na distribuição do Carteiro, ou seja, sem considerar a distância na entrega entre as casas de um lado para outro da rua.
Como sabemos, tudo isso vem ocorrendo, no referido CDD Centro, após a implantação do último SD – Sistema de Distritamento, em março de 2020, que culminou na redução de 7 distritos da área do centro e 3 distritos correspondente ao município de Bayeux.
Diante do exposto, solicitamos que o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado Paraíba analisem a situação e tome as devidas providências em relação ao descaso que a ECT vem tendo com seus trabalhadores e com a população. É necessário, além das medidas que o sindicato já vem tomando, como a denúncia no Ministério Público e ações judiciais, que ocorra a mobilização dos trabalhadores na luta contra a privatização.